sábado, 3 de abril de 2010

Estágio


Sempre fiquei abismada com a importância que o estágio e a prática pedagógica possuem na grade curricular de alguns cursos de licenciatura, pedagogia e outros que visam formar o profissional da educação. Devo confessar, que quando passei no vestibular, já vinha me preparando psicologicamente para enfrentar o tão temido estágio - aquelas horas em sala de aula, como exigência para conclusão do curso superior. Quando cheguei no 5º período, surpresa! Duas aulas seriam suficientes para que eu fosse considerada professora!
Bom...isso me pareceu muito cômodo de início, mas profundamente perturbador depois de enxergar a necessidade de contato com a realidade da sala de aula. Embora não quisesse trabalhar na docência, mesmo assim, senti-me (como sinto até hoje) fora da realidade para escrever sobre o tema. Cheguei a indagar a alguns professores o porquê do descaso com tais disciplinas... por que tanta leitura, e tão pouca prática? Creio que o não destaque do estágio nos cursos superiores, vem de uma visão distorcida do papel do mesmo na formação do profissional.
Selma Garrido Pimenta, em seu livro "Estágio e Docência", discorre sobre as diversas concepções de estágio. Sendo o estágio identificado como a parte prática dos cursos de formação de profissionais, pode correr o risco de ser considerado de forma isolada, sendo que não podemos dissociar teoria e prática, pois assim, corremos o risco de multiplicar os equívocos. A prática vista como imitação de modelos já existentes, pode ser considerada cômoda e segura, porém, desconsidera as diversas realidades e ignora os contextos. Aprender uma profissão apartir da observação, imitação e reprodução pode ser um desastre pedagógico, quando não se vale das mudanças sociais e históricas. Embora tal forma de aprender tenha sua importência, ela não é suficiente, assim como a prática vista como instrumentalização técnica, que se vale de técnicas e metodologias, como se todas as situações fossem iguais. Não há oposição ao uso de determinadas práticas e metodologias, porém, tais técnicas não podem ser um fim em si mesmas. Não será vantajoso ser dono de um acervo de técnicas se não possui a habilidade de lançar mãos das mesmas de acordo com a situação. Como em tudo na vida, deve-se buscar o equilíbrio entre teoria e prática. Nas palavras de Selma Pimenta, "a dissociação entre teoria e prática, resulta em um empobrecimento das práticas nas escolas, o que evidencia a necessidade de explicitar por que o estágio é teoria e prática (e não teoria ou prática)."
Sendo o estágio uma atividade que se aproxima da realidade através da pesquisa e da constatação da teoria e do contexto, o estágio precisa ser mais valorizado nos cursos de formação de professores. O tempo necessário para o exercício de tal prática pedagógica não pode se reduzido, e a pesquisa deve ser levada a sério!

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